Resumo

As infeções ósseas crónicas afetam 4,3 milhões de novos pacientes todos os anos a nível mundial estando maioritariamente associadas a úlceras de pé diabético (DFU) e à implantação de próteses ortopédicas e fraturas expostas. Estes casos representam um grande encargo para os sistemas de saúde, seguradoras e segurança social, devido ao elevado custo do tratamento e licenças médicas.
A diabetes Mellitus, nomeadamente o tipo 2, é uma doença sistémica em expansão mundial, responsável por muitas comorbidades, nomeadamente a DFU. A perda de sensibilidade e a diminuição do fluxo sanguíneo nos membros inferiores facilitam o aparecimento de feridas. A osteomielite (OM) é um dos principais problemas associados à DFU, pois a dificuldade de cicatrização de feridas permite que bactérias como a Staphylococcus aureus (S.aureus) tenham acesso a zonas mais profundas, no osso, podendo resultar em necrose, amputação, risco de septicémia e morte.
O tratamento tradicional envolve uma primeira cirurgia para remover o tecido ósseo infetado (desbridamento) seguida de antibioterapia sistémica, sendo a vancomicina o antibiótico mais utilizado. É necessária uma segunda cirurgia após erradicação da infeção para aplicar um substituto ósseo, introduzindo assim outro grande risco de infeção. Este tratamento mostrou-se assim ineficiente, com taxas de recorrência de 40%, recorrendo a, pelo menos, duas intervenções cirúrgicas, internamento durante várias semanas para administração intravenosa do antibiótico e ausência prolongada da vida ativa, sendo muitas vezes um problema ao longo da vida com custos associados muito elevados.
Uma estratégia ideal para o tratamento da OM será a libertação localizada e controlada de um antibiótico e, simultaneamente, a indução da regeneração do tecido ósseo.
O HECOLCAP (patente do INEB e do ISEP), é uma solução eficaz para o tratamento de infeções ósseas crónicas, como a OM, que inclui apenas uma cirurgia, consistindo na aplicação de um biocompósito de nanohidroxiapatite (nanoHA)/colagénio, na forma de grânulos, para libertação local e controlada de um antibiótico em concentrações adequadas e posterior regeneração óssea após desbridamento da ferida. Desta forma, melhora-se a qualidade de vida dos pacientes, reduz-se o período de internamento hospitalar relativamente ao tratamento convencional, reduzindo-se assim, os custos do tratamento, tornando a tecnologia acessível a mais setores da população.

CV - Susana R. Sousa

FORMAÇÃO ACADÉMICA
-Doutoramento em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, FEUP, 2007.
- Mestrado em Engenharia de Materiais, FEUP, 1992.
- Licenciatura em Química, FCUP, 1986

POSIÇÕES CIENTÍFICAS E PROFISSIONAIS ATUAIS
- Professor Adjunto, Departamento Engª Química, Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).
- Researcher at Biocomposites Group, Instituto de Engenharia Biomédica|Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (INEB|i3S).

INTERESSES ACTUAIS DE INVESTIGAÇÃO
ATIVIDADE CIENTÍFICA
Biocomposites of nanophased hydroxyapartite/polymer scaffolds for tissue regeneration and drug releasing
Bioceramics/Biocomposites with antimicrobial properties
Mechanotransduction of tumor tissues

ESPECIALIZAÇÃO
Os principais interesses de investigação estão focados na adsorção de proteínas/péptidos da matriz extracelular, ou outras moléculas de sinalização biológica, em matrizes 3D (nanoidroxiapatite/colagénio) para serem usadas como sistemas de liberação de fármacos para o controle de infeções ósseas, estudo de tumores ósseos metastáticos ou para a regeneração óssea.
Mimetização de microambiente de tumores ósseos in vitro, infeção óssea, biomateriais e superfícies antibacterianas também são interesses de investigação.
Mecanotransdução de tecidos tumorais.

ACTIVIDADE DE DOCÊNCIA
Ensino de Química e Ciência dos Materiais em vários cursos de Engenharia e de Mestrado no ISEP. Colabora no Programa de Doutoramento em Engenharia Biomédica (PRODEB) e no curso de Mestrado em Engenharia Biomédica da FEUP (MEB) como orientadora/coorientadora de teses de doutoramento e mestrado desde 2008.

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