Resumo
Utilizando biomateriais desenhados à escala molecular, é possível produzir matrizes 3D artificiais que recapitulam algumas das características essenciais da matriz extracelular (MEC) natural. Estas matrizes têm vindo a tornar-se cada vez mais populares, não só como biomateriais para a regeneração de tecidos, mas também como modelos 3D para estudos biológicos mais fundamentais. Os hidrogéis híbridos à base de polímeros e péptidos são particularmente atrativos para a produção deste tipo de matrizes artificiais, uma vez que combinam as propriedades estruturais das redes poliméricas, semelhantes às da MEC, com a atividade biológica dos péptidos. Estes modelos 3D são ferramentas fundamentais para melhor compreender os mecanismos que as células utilizam para trocar informações com o meio extracelular, e a forma como o seu comportamento é pelo afectado pelo microambiente. Este conhecimento pode então ser traduzido na concepção de abordagens terapêuticas mais eficazes, nomeadamente para tratamento do cancro. As propriedades bioquímicas e biofísicas dos hidrogéis podem ser ajustadas de forma independente e dinâmica, o que permite criar matrizes instrutivas, que orientam o comportamento celular de um maneira específica. Nesta palestra, serão apresentados alguns exemplos que ilustram como as interações célula-célula e célula-matriz podem ser moduladas usando microambientes 3D artificiais, com especial enfoque em mecanismos associados à processos cancerígenos.
Cristina Barrias