Resumo
Se hoje em dia os métodos e as tecnologias da Inteligência Artificial (IA) são aplicados a praticamente todos os domínios do saber, da Agricultura à Indústria, da Energia ao Ambiente, da Administração Pública às Artes e claro na área vital da Saúde, não deixa de ser interessante observar que muitos dos princípios básicos de alguns desses domínios inspiraram a própria IA. Particular realce merece alguns dos princípios basilares da formação da vida e da inteligência natural e coletiva, que inspiraram alguns dos métodos da IA de maior sucesso. Os estudos do Sistema Nervoso do ser humano inspiraram o Neurofisiologista Warren McCulloch e o Matemático Walter Pitts a proporem o primeiro modelo de neurónio artificial em 1943, o qual foi usado na concretização em hardware do mesmo pelo o Psicólogo Frank Rosenblatt que introduz o Perceptron em 1958. O trabalho de McCulloch e Pitts é justamente o primeiro trabalho reconhecido como pertencente à área de Inteligência Artificial. Hoje, as Redes Neuronais Artificiais são dos métodos mais efetivos de Aprendizagem Automática (Machine Learning), em particular em problemas sujeitos a grandes volumes de dados, para os quais têm sido usadas atualmente as Redes Neuronais Profundas (Deep Learning). Os estudos sobre Genética e Evolução Natural inspiraram o Físico/Matemático John Holland a propor os Algoritmos Genéticos em 1975, uma das técnicas de maior sucesso em problemas de otimização que lidam com as soluções de problemas como se fossem cromossomas, sobre os quais são aplicados cruzamentos e mutações e adotados conceitos de populações e gerações. Os princípios da vida, sobretudo ao nível colaborativo, têm inspirado outros métodos de grande sucesso tais como o método da Colónia das Formigas, da Otimização de Enxames/Bandos de Partículas (baseados no movimento conjunto de agrupamentos como os enxames de abelhas ou bandos de pássaros). Por outro lado, as áreas de Biologia e de Saúde têm sido dos principais domínios de aplicação da IA, usando alguns dos métodos referidos ou de outros métodos da IA, como os da Engenharia do Conhecimento, em particular dos Sistemas Periciais, da Língua Natural, do Planeamento Automático, dos Sistemas Multi-Agente, da Visão por Computador, da Robótica Inteligente e da Computação Afetiva. Nesta palestra iremos ver esta conexão entre Biologia/Saúde e IA, da inspiração à aplicação.
CV - Carlos Ramos
Carlos Fernando da Silva Ramos nasceu em São Paulo (Brasil) em 1963, tendo vindo para o Porto (Portugal) em 1978 onde concluiu o Ensino Secundário (1981), Licenciatura (1986) e Doutoramento (1993), tendo sido docente da Universidade do Porto entre 1986 e 1995 e posteriormente do Instituto Superior de Engenharia do Politécnico do Porto (ISEP/IPP) onde atualmente é Professor Coordenador Principal. Tem o título de Agregado pela Universidade do Porto (2001). Fundou e foi Diretor do Grupo de Investigação em Engenharia e Computação Inteligente para a Inovação e o Desenvolvimento (GECAD), unidade de I&D do ISEP/IPP reconhecida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) com a classificação de Excelente. É ainda investigador do Laboratório Associado de Sistemas Inteligentes (LASI), recentemente aprovado pela FCT. Entre março de 2010 e abril de 2018 foi Vice-Presidente do IPP, tendo desempenhado funções nas áreas de I&D, Transferência de Tecnologia, Inovação, Empreendedorismo e Internacionalização.
Carlos Ramos desenvolve a sua atividade de I&D dentro da área da Inteligência Artificial, esteve envolvido na coordenação de 28 projetos científicos financiados externamente, orientou 13 Teses de Doutoramento concluídas e publicou mais de 500 artigos científicos. Atualmente é Diretor do Mestrado em Engenharia de Inteligência Artificial do ISEP.
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