Resumo

O aumento da esperança de vida é uma consequência dos recentes desenvolvimentos no tratamento de doenças e deve-se, em grade parte, aos avanços alcançados em estratégias de Bioengenharia. Dispositivos implantáveis como válvulas cardíacas, pacemakers, lentes de contacto, implantes dentários, implantes mamários e próteses da anca contribuem significativamente para melhorar e salvar vidas através da substituição e, por vezes, da restauração da função de tecidos e órgãos quando estes perdem a sua funcionalidade por acidente ou doença.
As estratégias mais recentes no âmbito da Medicina Regenerativa baseiam-se em tecnologias inovadoras, tais como a Engenharia de Tecidos, que visa persuadir o corpo a curar-se a si próprio, através da manipulação de sinais moleculares, células e estruturas de suporte. O potencial da Medicina Regenerativa para proporcionar substitutos funcionais capazes de restaurar, manter ou melhorar a função dos tecidos está a ser amplamente investigado, em associação com estruturas de materiais avançadas e mais eficientes. As terapias celulares, e em particular as células estaminais, proporcionam a possibilidade de regenerar tecidos in situ. Enquanto esta nova ciência representa uma das maiores esperanças de sempre em medicina para a recuperação de funções perdidas de órgãos e sistemas vitais, envolve ainda diversas questões científicas por explorar. Por outro lado, origina também questões sociais relevantes que devem ser amplamente discutidas, tais como a sua combinação com outras tecnologias, como por exemplo a nanotecnologia e a inteligência artificial, e ainda o potencial para promover o melhoramento humano

 Pedro Granja

Pedro L. Granja nasceu em 1970, no Porto, Portugal. Integrou o ensino secundário no Porto, Portugal, e em São Paulo, Brasil. Licenciou-se em Engenharia Metalúrgica na Universidade do Porto (UP) em 1993 e obteve seu Doutoramento em Ciências de Engenharia em 2001, como resultado de estudos realizados no INEB – Instituto de Engenharia Biomédica (UP) e INSERM U.1026 – BIOTIS (Universidade de Bordéus, França). Foi cientista visitante no Laboratório de Engenharia Celular e de Tecidos, da Universidade do Michigan (EUA, 2004) e Professor Convidado no Institut Galilée, da Universidade Paris 13 (França, 2009). Ele é atualmente Coordenador Científico do INEB, Coordenador Adjunto do Programa em Interação e Resposta do Hospedeiro do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Professor Auxiliar convidado na Faculdade de Engenharia da UP (FEUP), e Professor Afiliado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS, Faculdade de Medicina).

 Os seus interesses de investigação encontram-se na intersecção entre ciência dos materiais, biologia e medicina, nomeadamente no desenvolvimento de biomateriais para engenharia de tecidos e medicina regenerativa. O seu principal foco de investigação incide na conceção molecular de hidrogéis biofuncionais como matrizes extracelulares (tridimensionais) artificiais através da reprodução de algumas das suas características naturais fundamentais. Ele recebeu o prémio Jean Leray em 2006 pela Sociedade Europeia de Biomateriais (ESB) e é internacionalmente reconhecido como fundador (1998) e Editor-Principal da Biomaterials Network (Biomat.net) e Editor-Principal da revista Biomatter. Ele atua como perito de várias agências de financiamento, organizações e empresas nacionais e internacionais. 

 
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