Jan 8, 2018

Sistema monitoriza remotamente medicação intravenosa administrada


Um investigador do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) desenvolveu um sistema móvel e de baixo custo, que monitoriza e regista a medicação intravenosa administrada aos pacientes, permitindo aos profissionais de saúde aceder a essa informação remotamente.
Em que consiste a inovação?
A tecnologia desenvolvida por Fábio Borges, recém-mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pelo ISEP, funciona como um apoio e um complemento ao equipamento de administração intravenosa manual, visto que, através da mesma, é possível monitorizar o fluxo administrado ao paciente e comunicá-lo a um servidor, com recurso a um protocolo "wireless" (rede sem fios).
Nesse servidor, existe uma base de dados que regista e armazena as amostras retiradas ao longo do tempo, na qual estão também definidos e identificados os valores de fluxo que deve ser administrado a cada paciente e a margem de erro admissível para cada caso, explicou à Lusa o investigador.

Ao nível do utilizador, existe uma interface gráfica que permite verificar remotamente a ocorrência de valores anómalos, assim como gerir cada dispositivo, adaptando os valores quando necessário, em tempo real, acrescentou.
O sistema permitirá uma "melhoria da qualidade dos serviços de saúde prestados"
"A medicação intravenosa é administrada com frequência pelos profissionais de saúde, sobretudo quando os fármacos não podem ser aplicados por via intramuscular ou subcutânea, ou quando a via oral não é possível", indicou o engenheiro.
Contudo, continuou, apesar da utilização deste tipo de dispositivos ser constante, esta requer cuidados de monitorização permanentes dos fluxos administrados, dos valores registados e do estado do equipamento, o que implica uma alocação intensiva de profissionais de saúde aos pacientes.
Além do auxílio prestado aos cuidadores e profissionais de saúde, este produto possibilita a deteção de anomalias, como é o caso de obstruções e da administração de quantidades fora dos valores previstos.
Desta forma, é possível "reduzir a necessidade de uma vigilância intensiva e física por parte dos cuidadores, resultando, assim, numa melhoria da qualidade dos serviços de saúde prestados", contou o engenheiro.
De acordo com o investigador, a utilização de tecnologias de baixo custo permite atingir um maior número de pacientes que necessitem deste tipo de cuidados, sem comprometer a qualidade e eficiência do produto.
Fábio Borges acredita que este projeto pode dar origem a uma linha de produtos, visto que, para além da monitorização da medicação pela via intravenosa, pode ser adaptado para uma monitorização regular da temperatura corporal ou da oximetria (quantidade de oxigénio transportado na circulação sanguínea), por exemplo, bastando para isso alterar o sensor em causa.
Estado do projeto
Os resultados deste projeto, desenvolvido no centro de prestação de serviços do ISEP-TID (Tecnologia, Investigação e Desenvolvimento), estão a ser validados junto de unidades de saúde, estando o responsável a desenvolver uma aplicação móvel para consulta dos registos.